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Lições da Paciência

Ana Maria Leal Salvador Vilanova
Publicado em 30/08/2022 às 19:19Atualizado em 18/12/2022 às 14:19
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Às vezes, tudo parece muito mau e totalmente incerto, porém um evento muda tudo e, afinal, o resultado é exitoso. O contrário também é verdade e um jogo que parece se encaminhar para o final satisfatório trava em uma jogada. O jogo conhecido como paciência é bobinho, mas o que se pode aprender com ele?

Para os não familiarizados, é o velho jogo de cartas, individual, em que se dispõem as 52 cartas do baralho de uma certa forma, com o objetivo de chegar a um certo alinhamento final, obedecendo a regras estabelecidas.

Também ali se aprende que esperar demais uma certa carta para destravar um conjunto determinado pode levar a perder oportunidades em outros lugares. Manter a atenção difusa, ciente de uma necessidade, mas com a mente aberta para o que possa vir, algo diferente, talvez até melhor, é fundamental. Ganham-se e perdem-se rodadas assim.

A versão digital tem vantagens sobre a analógica, desde a prática até a estratégica. Arrastar montes de cartas, sem desfazê-los, de um lado a outro é moroso e nunca perfeito à mão, o que não ocorre numa sucessão de cliques, com alinhamentos perfeitos e movimentações completas em milésimos de segundos. Para a geração que nem chegou a experimentar a lentidão do mundo sem computadores domésticos, experimentar jogar no mundo físico é quase tortura. Uma pequena amostra de como era a vida há não muito tempo.

O computador também oferece soluções antes de o jogador ser capaz de chegar lá pelo raciocínio. O jogo se resolve, e mais rápido, enquanto o jogador aprende com os movimentos propostos pelo algoritmo, que tudo vê. Da próxima vez, provavelmente, ele, o humano, será capaz de enxergar aquela opção que antes não estava no seu repertório. Ou, alternativamente, se tornará mais dependente da tecnologia e pode se tornar um preguiçoso mental.

E agora? O que fazer? Esse é o dilema.

Começou a campanha eleitoral e está aberta esta temporada afeita às mentiras, desde as escandalosamente deslavadas até os exageros retóricos. Declaram-se, oficialmente, abertas as hostilidades. É do jogo. Falem, sim, candidatos; quanto mais, melhor. Resta a quem ouve aproveitar a comodidade que a internet proporciona, sem deixar de usar o próprio senso crítico.

É hora de exercitar muita paciência.

Ana Maria Leal Salvador Vilanova

Engenheira civil, cinéfila, ailurófila e adepta da caminhada nórdica [email protected]

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